Bíblia do Caminho — Estudos
Espíritas
(Website)
EPM —
Estudo e Prática da Mediunidade
PROGRAMA II —
MÓDULO DE ESTUDO Nº II
FUNDAMENTAÇÃO
ESPÍRITA — OS PARTICIPANTES DA REUNIÃO MEDIÚNICA
Roteiro 1
Os participantes desencarnados
[das reuniões
mediúnicas]
Objetivos específicos: Citar as principais categorias de Espíritos desencarnados, presentes em uma
reunião mediúnica. — Identificar aspectos do trabalho que realizam.
SUBSÍDIOS
Amados, não creiais em todo espírito, mas provai se os
Espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no
mundo. Jesus (1 João, 4:1)
Para que uma reunião possa realizar-se no Plano físico é preciso reconhecer
o incansável e dedicado trabalho dos amigos espirituais. Todo planejamento é
feito no Plano espiritual, mas conta-se com a seriedade e a responsabilidade
dos encarnados, a fim de que a tarefa se realize a contento. Nas reuniões
mediúnicas sérias existe uma equipe espiritual responsável pela ordem,
desenvolvimento das atividades e proteção aos encarnados. Na obra Os
Mensageiros, André Luiz faz referências a essa equipe de trabalhadores.
O Centro [Centro de Mensageiros] prepara entidades a
fim de que se transformem em cartas vivas de socorro e auxílio aos que sofrem
no Umbral, na Crosta e nas Trevas. […] Preparam-se aqui numerosos companheiros
para a difusão de esperanças e consolos, instruções e avisos, nos diversos
setores da evolução planetária. (11)
Os orientadores da Vida Maior identificam as entidades que deverão ser
atendidas na reunião mediúnica, as quais devem ser vistas pelos encarnados como
exemplo das diferentes categorias de Espíritos existentes no Plano espiritual.
Pelo processo contínuo de intercâmbio, os médiuns e demais participantes do
grupo mediúnico, aprendem a reconhecer as reais necessidades dos Espíritos que
sofrem, o nível de conhecimento e as intenções dos comunicantes que se
manifestam pelos canais mediúnicos, na reunião, consoante a orientação do
apóstolo João, acima especificado.
1. FUNCIONAMENTO DA REUNIÃO MEDIÚNICA
Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um
de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação.
Faça-se tudo para edificação. Paulo (1
Coríntios, 14:26)
1.1 — O local da reunião
A equipe diretora da reunião no Plano espiritual, é formada por
benfeitores, sendo que alguns são verdadeiros especialistas, em função do
trabalho que realizam junto aos trabalhadores do Plano físico.
Antes que se inicie a reunião, os trabalhadores do Plano espiritual
preparam o recinto. «Realizar uma sessão de trabalhos espirituais eficientes
não é coisa tão simples. Quando encontramos companheiros encarnados, entregues
ao serviço com devotamento e bom ânimo, isentos de preocupação de experiências
malsãs e inquietações injustificáveis, mobilizamos grandes recursos a favor do
êxito necessário.» (12)
Nas reuniões de atendimento a sofredores, em especial, há obreiros
desencarnados que executam serviços de preservação e vigilância. Dividem a sala
da reunião em faixas fluídicas, formando compartimentos, onde ficam restritos
os sofredores, de forma a limitar-lhes a zona de influenciação sobre os
encarnados. Essas faixas nada mais são do que divisões magnéticas que impedem o
deslocamento dos sofredores, sobretudo os mais desarmonizados. (13)
O próprio ar é magnetizado ou ionizado. (13) «A ionização é, por assim dizer, um processo de eletrificação do
ambiente. A sua finalidade é possibilitar a combinação de recursos para efeitos
elétricos e magnéticos.» (4) A ionização torna o ar asséptico, livre de impurezas mentais, propiciando
condições à manifestação dos Espíritos. (10)
Dedicados vigilantes espirituais espalham-se em derredor do edifício,
situado no Plano físico, (14) protegendo o local onde se realiza a reunião, atentos às ações infelizes
ou imprudentes que podem ser provocados por certos Espíritos.
É importante lembrar que o intercâmbio mediúnico realizado em uma
reunião séria não é feito de improviso: há todo um planejamento de atividades e
de encaminhamento de Espíritos sofredores que deverão ser atendidos. Este
trabalho, realizado sob a tutela de benfeitores espirituais, implica
organização e método, utilização de equipamentos e instrumentos instalados
interna e externamente ao local da reunião, que são manuseados por Espíritos
especialistas. (14)
Neste sentido, nos esclarece um benfeitor espiritual, denominado Efigênio
S. Vitor, que a reunião mediúnica é garantida, em geral, por três faixas
magnéticas protetoras:
A primeira guarda a assembleia constituída e aqueles
desencarnados que se lhes conjugam à tarefa da noite. A segunda faixa encerra
um círculo maior, no qual se aglomeram algumas dezenas de companheiros daqui
ainda em posição de necessidade, à cata de socorro e esclarecimento. A
terceira, mais vasta, circunda o edifício, com a vigilância de sentinelas
eficientes, porque além dela temos uma turba compacta — a turba dos irmãos que
ainda não podem partilhar, de maneira mais íntima, o nosso esforço no aprendizado
evangélico. […] Bem junto à direção de nossas atividades, está reunida grande
parte da equipe de funcionários espirituais que nos preservam as linhas
magnéticas defensivas. À frente da mesa orientadora, congregam-se os
companheiros em luta a que nos referimos [Espíritos que serão atendidos]. E em
contraposição com a porta de acesso ao recinto, dispomos em ação de dois
gabinetes, com leitos de socorro nos quais se alonga o serviço assistencial.
Entre os dois, instala-se grande rede eletrônica de contenção, destinada ao
amparo e controle dos desencarnados rebeldes ou recalcitrantes […]. (5)
1. 2 — Esquema de Funcionamento dos Recursos
Protetores à Reunião Mediúnica (16)
LEGENDA:
Faixa N° 1
Faixa de isolamento e proteção dos componentes da mesa e das entidades
admitidas à comunicação.
Faixa N° 2
Faixa de fiscalização e controle de entidades necessitadas fora da faixa n°
1.
Faixa N° 3
Circundando o edifício, para evitar a invasão de entidades desordeiras.
Pavilhão ou Gabinete assistencial
Contendo leitos, padiolas, medicamentos, utensílios médicos, etc.
Observação: Manipulando fluidos do ambiente, os benfeitores
espirituais formam os mais variados quadros educativos: jardins, templos,
escolas, casas, fontes, paisagens, hospitais, florestas etc.
A citação do apóstolo Paulo (1 Co 14:26), anteriormente inserida no texto, nos faz refletir que os benfeitores
espirituais nos concedem todas as condições necessárias à realização de um
trabalho mediúnico sério. Da nossa parte devemos tudo realizar para edificação
do bem, como fazem os orientadores, responsáveis pelo grupo mediúnico.
2. ESPÍRITOS PRESENTES A REUNIÃO MEDIÚNICA
Como não há improviso no Plano espiritual, é comum encontrarmos na reunião
mediúnica: (3)
· Orientadores e trabalhadores do Plano espiritual, responsáveis pelo grupo.
· Espíritos necessitados de auxílio e de esclarecimento.
· Acompanhantes de encarnados, que solicitam auxílio, ou dos participantes da
reunião (esclarecidos ou não).
· Espíritos adversários dos encarnados ou do trabalho no bem.
Vamos analisar, em seguida, as características gerais desses grupos.
2.1 — Os benfeitores espirituais
E, finalmente, sede todos de um mesmo sentimento,
compassivos, amando os irmãos, entranhavelmente misericordiosos e afáveis, não
tornando mal por mal ou injúria por injúria; antes, pela contrário, bendizendo,
sabendo que para isto fostes chamados, para que, por herança, alcanceis a
bênção. Pedro (1 Pedro,
3:8, 9)
Os benfeitores espirituais, organizam com atenção e cuidados o desenrolar
das atividades, acompanhando os Espíritos necessitados de auxílio. Tais
benfeitores são identificados como o dirigente espiritual e os trabalhadores de
sua equipe, bem como os orientadores em geral que, direta ou indiretamente,
prestam auxílio tanto aos desencarnados quanto aos encarnados.
Em todas [reuniões mediúnicas], sempre estão presentes
Espíritos a que poderíamos chamar frequentadores habituais, sem que com
isso pretendamos referir-nos aos que se encontram em toda parte e em tudo se
metem. Aqueles [os frequentadores habituais] são, ou Espíritos protetores, ou
os que mais assiduamente se veem interrogados. Ninguém suponha que esses
Espíritos nada mais tenham que fazer, senão ouvir o que lhes queiramos dizer,
ou perguntar. […] Quando as reuniões se efetuam em dias e horas certos, eles se
preparam antecipadamente a comparecer e é raro faltarem. (1)
Simão Pedro, em sua primeira epístola, identifica as principais
características desses devotados servidores, mostrando que o exemplo deles deve
ser seguido por nos. Tais abnegados trabalhadores da seara de Jesus são sempre
amorosos, firmes, leais, humildes e discretos; muitas vezes omitindo até mesmo
o seu nome para não nos causar constrangimentos. Vejamos o exemplo trazido por
André Luiz.
O benfeitor espiritual que ora nos dirige — acentuou o
nosso instrutor — afigura-se-nos mais pesado porque amorteceu o elevado tom
vibratório em que respira habitual- mente, descendo à posição de Raul
[dirigente encarnado], tanto quanto lhe é possível, para benefício do trabalho
começante. Influencia agora a vida cerebral do condutor da casa, à maneira de
um musicista emérito manobrando, respeitoso, um violino de alto valor, do qual
conhece a firmeza e a harmonia. (9)
Os benfeitores espirituais agem com segurança e discrição na condução do
trabalho.
São enormes as responsabilidades desses amigos
invisíveis, e as qualificações exigidas, para as tarefas que desempenham junto
a nós, são rígidas. […] Se o grupo empenha- se em servir desinteressadamente,
dentro do Evangelho do Cristo, escorado na Doutrina Espírita, disposto a amar
incondicionalmente, terá como apoio e sustentação uma equipe correspondente, de
companheiros desencarnados do mais elevado padrão espiritual verdadeiros
técnicos da difícil ciência da alma. O trabalho desses amigos é silencioso e sereno
[…]. Assim são os companheiros que nos amparam. Apresentam-se, muitas vezes,
com nomes desconhecidos, falam com simplicidade, são tranquilos, evitam dar
ordens, negam-se a impor condições. Preferem ensinar pelo exemplo, discorrendo
sobre a anatomia do trabalho, diante do corpo vivo do próprio trabalho. São
modestos e humildes, mas revestem-se de autoridade. Amorosos, mas firmes, leais
e francos. Aconselham, sugerem, recomendam e põem-se de lado, a observar.
Corrigem, retificam e estimulam. Sua presença é constante, ao longo de anos e
anos de dedicação. Ligados emocionalmente a nós, às vezes de antigas
experiências reencarnatórias, trazem-nos a ajuda anônima de que precisamos para
dar mais um passo à frente. Voltam sob seus passos, para estender-nos a mão, a
fim de que, a nosso turno, possamos ajudar aqueles que se acham caídos pelos
caminhos. Inspiram-nos através da intuição, acompanham-nos até mesmo no
desenrolar de nossas tarefas humanas. Guardam, porém, o cuidado extremo de não
interferir com o mecanismo do nosso livre-arbítrio […]. (2)
Entre esses benfeitores, encontramos trabalhadores especializados, como por
exemplo, os que aplicam passes e realizam outras operações magnéticas de
pequena e grande amplitudes. André Luiz denomina-os de Técnicos em auxílio
magnético. (6) São trabalhadores que apresentam requisitos especiais à realização do
trabalho.
Na […] execução da tarefa que lhes está subordinada,
não basta a boa vontade […]. Precisam revelar determinadas qualidades de ordem
superior e certos conhecimentos especializados. O servidor do bem, mesmo
desencarnado, não pode satisfazer em semelhante serviço, se ainda não conseguiu
manter um padrão superior de elevação mental contínua, condição indispensável à
exteriorização das faculdades radiantes. (7)
2.2 — Os Espíritos que sofrem
Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos,
e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou
manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o
meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. Jesus. (Mateus,
11:28-30)
Representam uma vasta categoria de Espíritos que têm acesso aos grupos
mediúnicos. Existem os que vão às reuniões por vontade própria e há aqueles que
são conduzidos pelos benfeitores espirituais. (3) São criaturas sequiosas de amparo e proteção; cansados e oprimidos pelo
peso dos equívocos cometidos. Perante os sofrimentos que nos revelam, devemos
nos munir de compaixão, encaminhando-os ao Senhor para que eles encontrem
alívio e descanso no amor do Mestre inesquecível.
Todos são «[…] almas em turvação mental, que acompanham parentes, amigos ou
desafetos às reuniões públicas da Instituição, e que se desligam deles quando
os encarnados se deixam renovar pelas ideias salvadoras, expressas na palavra
dos que veiculam o ensinamento doutrinário.» (8)
Emmanuel apresenta as principais características dos Espíritos que sofrem.
São sempre muitos. Contam-se, às vezes, por legiões.
Acham-se encarnados, entre os homens, e caminham semeando revolta. Mostram-se
desencarnados da esfera física e comunicam a peçonha do desespero. Facilmente
identificáveis, sinalizam a rebeldia. Falam em dever e inclinam-se à violência,
referem-se ao direito e transformam-se em vampiros. Criam a dor para os outros,
encarcerando-se na dor de si mesmos. São vulgarmente chamados “Espíritos maus”,
quando, mais propriamente, são Espíritos infelizes. Zombam de tudo o que lhes
escape ao domínio, supõem-se invencíveis na cidadela do seu orgulho, escarnecem
dos mais altos valores da Humanidade e acreditam ludibriar o próprio Deus.
Decerto que esses irmãos, enredados a profundo desequilíbrio, estarão entre
nós, adestrando-nos as forças mais íntimas para que aprendamos a auxiliar. […]
Os companheiros infelizes, além de serem irmãos problemas, são também nossos
observadores de cada dia. Embora com sacrifício, atende à tua parte de esforço
na plantação da bondade e no suor do aperfeiçoamento. Saibamos sofrer e lutar
pela vitória do bem, com devotamento e serenidade, ainda mesmo perante aqueles
que nos perseguem e caluniam, recordando sempre que, em todo serviço nobre, os
ausentes não têm razão. (15)
Referências Bibliográficas:
1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução
de Guillon Ribeiro. 78. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Segunda parte, cap. 29,
item 333, p. 449.
2. MIRANDA, Hermínio C. Diálogo com as sombras. 22. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 2 (As pessoas), item 2: Os desencarnados, p. 98.
3. OLIVEIRA, Therezinha. Reuniões mediúnicas. 1. ed. Capivari: EME,
1994. Cap. 13 (A identificação dos Espíritos), p.77.
4. PERALVA, Martins. Estudando a mediunidade. 26. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Cap. 42 (Materialização - 1), p. 217.
5. XAVIER, Francisco Cândido. Educandário de luz [v. Instruções psicofônicas, cap. 31]. Autores diversos.
2. ed. São Paulo: IDEAL, 1988. Cap. 34 (Visão espiritual de um centro espírita:
mensagem de Efigênio S. Vitor), p. 80-81.
6. Idem - Missionários da luz. Pelo Espírito André Luiz.
41. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 19 (Passes), p. 405-408.
7. Idem, ibidem - p. 406.
8. Idem - Nos domínios da mediunidade. Pelo Espírito André Luiz.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 4 (Ante o serviço), p. 42.
9. Idem - Cap. 5 (Assimilação de correntes mentais), p. 52.
10. Idem - Cap. 28 (Efeitos físicos), p. 296.
11. Idem - Os mensageiros. Pelo Espírito André Luiz.
43. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 3 ( No centro de mensageiros), p. 24.
12. Idem - Cap. 43 (Antes da reunião), p. 265.
13. Idem, ibidem - p. 266.
14. Idem, ibidem - p. 267.
15. Idem - Seara dos médiuns. Pelo Espírito Emmanuel. 18.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Item: Irmãos problemas, p. 149-150.
16. PERALVA, Martins Peralva. In: Mediunidade. Reuniões mediúnicas.
Belo Horizonte: União Espírita Mineira, 1999. Série: Evangelho e Espiritismo -
6, p.36-37.