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quinta-feira, 18 de março de 2010

Ante a Mediunidade

Acena-nos a antigüidade terrestre com bri­lhantes manifestações mediúnicas, a repontarem da História.

Discípulos de Sócrates referem-se, com admi­ração e respeito, ao amigo invisível que o acom­panhava constantemente.

Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, cer­ta noite, com um dos seus perseguidores desencar­nados, a visitá-lo, em pleno campo.
Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monoideizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.
Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu rei­nado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assas­sinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.
Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os res­tos nos jardins de Lâmia, eramali _vistos, frequen­temente, até que se lhe exumaram os despojos para a incineração.
Todavia, onde a mediunidade atinge culminân­cias é justamente no Cristianismo nascituro.
Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externan­do-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Di­vina. E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em mé­diuns notáveis, no dia de Pentecostes (2),

2) Atos, capítulo 2, versículos 1 a 13.
quando, associadas as suas forças, por se acharem _todos reunidos_, os emissários espirituais do Senhor, atra­vés deles, produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclu­sive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em vá­rias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.

Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais. Espíritos materializados libertavam-nos da pri­são injusta.

(3) Atos, capítulo 5, versículos 18 a 20.
O magnetismo curativo era vastamente prati­cado pelo olhar
(4) Atos, capítulo 3, versículos 4 a 6. 
Pela imposição das mãos.
(5) Atos, capítulo 9, versículo 17. Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam.
(6) Atos, capítulo 8, versículo 7.
Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um mo­mento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções 
(7) Atos, capítulo 9, versículos 3 a 7.
E porque Saulo, embora corajoso, experimente enor­me abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a ta­refa.
(8) Atos, capítulo 9, versículos 10 e 11
Não somente na casa dos apóstolos em Jeru­salém mensageiros espirituais prestam contínua as­sistência aos semeadoresdo Evangelho; igualmen­te no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome  A gabo.
(9) Atos, capítulo 11, versículo 28.
Incorpora um Espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja, vários instrumentos medianímicos aglutinados favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. 
(10) Atos, capítulo 13, versículos 1 a 4.
Em Tróade, o apóstolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe con­curso fraterno. 
(11) Atos, capítulo 16, versículos 9 e 10.
E, tanto quanto acontece hoje, os médiuns de ontem, apesar de guardarem consigo a Bênção Divi­na, experimentavam injustiça e perseguição. Quase por toda a parte, padeciam inquéritos e sarcasmos, vilipêndios e tentações. Logo no início das atividades mediúnicas que lhes dizem respeito, vêem-se Pedro e João segrega­dos no cárcere. Estêvão é lapidado. Tiago, o filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada. Paulo de Tarso é preso e açoitado várias vezes.

Á mediunidade, que prossegue fulgindo entre os mártires cristãos, sacrificados nas festas círcen­ses, não se eclipsa, ainda mesmo quando o ensina­mento de Jesus passa a sofrer estagnação por im­positivos de ordem política. Apenas há alguns sé­culos,
vimos Francisco de Assis exalçando-a em luminosos acontecimentos; Lutero transitando en­tre visões; Teresa d_A vila em admiráveis desdo­bramentos; José de Copertino levitando ante a espantada observação do papa Urbano 8º, e Swe­denborg recolhendo, afastado do corpo físico, ano­tações de vários planos espirituais que ele próprio filtra para o conhecimento humano, segundo as concepções de sua época.

Compreendemos, assim, a validade permanente do esforço de André Luiz, que, servindo-se de es­tudos e conclusões de conceituados cientistas ter­renos, tenta, também aqui Sobre o tema desta obra, André Luiz é o autor de outro livro, intitulado _Nos Domínios da Me­diunidade colaborar na eluci­dação dos problemas da mediunidade, cada vez mais inquietantes na vida conturbada do mundo moderno.

Sem recomendar, de modo algum, a prática do hipnotismo em nossos templos espíritas, a ele re­corre, de escantilhão, para fazer mais amplamente compreendidos os múltiplos fenômenos da conju­gação de ondas mentais, além de com isso demons­trar que a força magnética é simples agente, sem ser a causa das ocorrências medianímicas, nascidas, invariàvelmente, de espírito para espírito.

Em nosso campo de ação, temos livros que consolam e restauram, medicam e alimentam, tanto quanto aqueles que pro põem e concluem, argumen­tam e esclarecem.
Nesse critério, surpreendemos aqui um livro que estuda.

Ante a Mediunidade

Depois de um século de mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, com inequívocas provas da sobrevi­vencia, nas quais a abnegação dos Mensageiros Divinos e a tolerância de muitos sensitivos foram colocadas à prova, temo-la, ainda hoje,
incompreendida e ridi­cularizada.

Os Intelectuais, vinculados ao ateísmo prático, des­prezam-na até agora, enquanto os cientistas que a ex­perimentam se recolhem, quase todos, aos palanques da Metapsíquica, observando-a com reserva. Junto deles, porém, os espíritas sustentam-
-lhe a bandeira de trabalho e revelação, conscientes de sua presença e signi­ficado perante a vida. Tachados, muitas vezes, de
fa­náticos, prosseguem eles, à feição de pioneiros, des­bravando, sofrendo, ajudando e construindo, atentos aos princípios enfekcados por Allan Kardec em sua codificação basilar. Alguém disse que «os espíritas pretenderam mis­turar, no Espiritismo, ciência e religião, o que resultou em grande prejuízo para
a sua parte científica_. E acentuou que _um historiador, ao analisar as ordena­ções de Carlos Magno, não pensa em Além-Túmulo; que um fisiologista, assinalando as contrações muscu­lares de uma rã não fala em esfera. ultraterrestres; e que um químico, ao dosar o azoto da lecitina, não se deixa impressionar por nenhuma fraseologia da so­brevivéncia humana_, acrescentando que, _em Meta-psíquica, é necessário proceder de igual modo, absten­do-se o pesquisador de sonhar com mundos etéreos ou emanações anímicas, de maneira a permanecer no terra-a-terra, acima de qualquer teoria, para somenteindagar, muito humildemente, se tal ou tal fenômeno é verdadeiro, sem o propósito de desvendar os misté­rios de nossas vidas pregressas ou vindouras_.

Os espírita, contudo, apesar do respeito que con­sagram à pesquisa dos sábios, não podem abdicar do senso religioso que lhes define o trabalho. Julgam lícito reverenciá-los, aproveitando-lhes estudos e equa­ções, qual nos conduzimos nestas páginas
tanto quanto eles mesmos, os sábios, lhes homenageiam o esforço, utilizando-lhes o campo de atividade para ex­perimentos e
anotações (13).

(13) A convite do Espírito André Luiz, os médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira receberam os textos deste livro em noites de quin­tas e terças-feiras, na cidade de Uberaba, Estado de Minas Gerais. O prefácio de Emmanuel e os capítulos pares foram recebidos pelo médium Fran­cisco Cândido Xavier, e o prefácio de André Luiz e os capítulos ímpares foram recebidos pelo médium Waldo Vieira. _ (Nota dos médiuns.)

Consideram os espíritas, que o historiador, o fisio­logista e o químico podem não pensar em Além-Tú­mulo, mas não conseguem avançar desprovidos de sen­so moral, porqüanto o historiador, sem dignidade, éveículo de imprudência; o fisiologista, sem respeito para consigo próprio, quase sempre se transforma em car­rasco da vida humana, e o químico, desalmado, facil­mente se converte em agente da morte.
Se caminham atentos à mensagem das Esferas Espirituais, isso não quer dizer se enquistem na visão de _mundos etéreos_, para enternecimento beatifico e esterilizante, mas para se fazerem elementos úteis na edificação do mundo melhor. Se analisam as emana­ções anímicas é porque desejam cooperar no aperf ei­çoamento da vida espiritual no Planeta, assim como na solução dos problemas do destino e da dor, junto da Humanidade, de modo a se esvaziarem penitenciarias e hospícios, e, se algo procuram, acima do _terra­-a-terra_, esse algo é a educação de si mesmos, atra­vés do bem puro aos semelhantes, com o que aspiram, sem pretensão, a orientar o fenômeno a serviço dos homens, para que o fenômeno não se reduza a simples curiosidade da inteligéncia.
Quanto mais investiga a Natureza, mais se con­vence o homem de que vive num reino de ondas trans­figuradas em luz, eletricidade, calor ou matéria, se­gundo o padrão vibratório em que se exprimam.
Existem, no entanto, outras manifestações da luz, da eletricidade, do calor e da matéria, desconhecidas nas faixas da evolução humana, das quais, por enquan­to, sômente poderemos recolher informações pelas vias do espírito.
Prevenindo qualquer observação da critica cons­trutiva, lealmente declaramos haver recorrido a diver­sos trabalhos de divulgação científica do mundo con­temporâneo para tornar a substância espírita deste livro mais seguramente compreendida pela generalidade dos leitores, como quem se utiliza da estrada de todos para atingir a meta em vista, sem maiores dificul­dades para os companheiros de excursão. Aliás, quan­to aos apontamentos científicos humanos, é preciso reconhecer-lhes o caráter passageiro, no que se refere à definição e nomenclatura, atentos à circunstância de que a experimentação constante induz os cientistas de um século a considerar, muitas vezes, como supe­rado o trabalho dos cientistas que os precederam.
Assim, as notas dessa natureza, neste volume, to­madas naturalmente ao acervo de Informações e dedu­ções dos estudiosos da atualidade terrestre, valem aqui por vestimenta necessária, mas transitória, da expli­cação espírita da mediunidade, que é, no presente livro, o corpo de idéias a ser apresentado.
Não podemos esquecer a obrigação de cultuar a mediunidade e acrisolá-la, aparelhando-nos com os re­cursos precisos ao
conhecimento de nós mesmos.
A Parapsicologia nas UniVersidades e o estudo dos mecanismos do cérebro e do sonho, do magnetismo e do pensamento nas instituições ligadas à Psiquiatria e ás ciências mentais, embora dirigidos noutros rumos, chegarão igualmente á verdade, mas, antes que se in­tegrem conscientemente no plano da redenção huma­na, burilemos, por nossa vez, a mediunidade, à luz da Doutrina Espírita, que revive a Doutrina de Jesus, no reconhecimento de que não basta a observação dos fatos em si, mas também que se fazem indispensáveis a disciplina e a iluminação dos ingredientes morais que os constituem, a fim de que se tornem _fatores de aprimoramento e felicidade, a benefício da criatura em trânsito para a realidade maior.

ÂNDRÉ LUIZ

Uberaba, 11-8-59.
Muita paz a todos e bom estudo

Meditemos, pois, sobre suas páginas.

EMMANUEL


Uberaba, 6 de agosto de 1959.

Livro em estudo: Mecanismos da Mediunidade (Editora FEB)

Autor: Espírito André Luiz, psicografia de Francisco Cândido Xavier
e Waldo Vieira